Por Djair Alexandre

Uma mulher muito bonita, devido às mágoas do passado, escolheu a solteirice contra qualquer eventualidade do amor. Sua fuga das paixões se dava na fina flor do seu trigésimo aniversário, no auge de sua vida. Se apaixonar outrora sempre fora comum, mas nunca deixou de ser amável com as experiências que a vida lhe deu.
Contudo, as coisas não saíram como planejado em uma bela terça-feira de agosto. O dia estava tão tropical que ela pensou em ir pegar uma praia, mas precisava ir ao supermercado e se esforçou para cumprir o que toda pessoa comum escolhe, responsabilidade com os afazeres do dia a dia.
Pegou suas sacolas, chamou um táxi e partiu para o Supermecado Boa Vida. Levou algum tempo para pegar todos os itens e comparar preços. E como algo pode sempre tentar estragar um dia perfeito, ao chegar no caixa se deparou com ninguém menos que seu ex noivo na fila ao lado. O susto foi colossal. As memorias mais implacáveis regressaram em sua mente distraída com pequenos trechos em filmes. Não vieram só as boas lembranças, as ruins começaram a sufocá-la, tomaram conta.
Este efeito demasiadamente desestabilizador a fez procurar uma saída carnavalesca, aquele instinto de preciso me esconder. Ela não pensou outra, a sua frente havia um homem muito apresentável, ela puxou assunto com ele daquela forma que todo brasileiro fala, sobre o clima.
Mas o seu ex a viu, e disse:
- Amora, quanto tempo!? Você ainda vem a este supermercado?
- Olá, Carlos! Que surpresa!
E antes que ele perguntasse quem era o homem ao seu lado, ela o apresentou:
- Este é meu...
E não completou, ela deixou no ar.
O homem do qual ela nem sabia o nome, compreendendo rapidamente, sem jeito e sem saber o que responder, disse.
- Olá, sou o João! Como vai?
Mais rápida que um foguete, Amora disse baixinho a João: “por favor, espera eu passar minha feira e não saia sem mim”. João querendo rir porque estava atrasado, não deu uma resposta. Mas Amora foi além e apelou: “passemos nossas feiras juntas, e deixa que eu pago.” João retrucou dizendo que a esperava e não precisava disso com o semblante muito sério.
Ao sair, caminharam juntos até o estacionamento. E o rapaz que a ajudara como “seu namorado”, perguntou qual era carro dela. Ela explicou que não tinha carro. Eles não paravam de rir da cena, mas o moço ficou distraído com os risos de Amora, e lhe ofereceu carona.
João e Amora passaram a ir ao supermercado todas as quartas-feiras, trocaram o dia e o carro de João por um com porta-malas maior.
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