Temporada no interior

Estou convencido que todos devem experimentar a vida no interior. E acredito que escolhi o lugar certo, Serraria, uma cidade acolhedora, calma, e com a temperatura media de 21°C.

É outro universo. Assim que acordo, tomo uma xícara de café e me impressiono com a paisagem. Todo dia isto se repete.

Para melhorar, coloco uma playlist do Spotify e vou correr pela zona rural. E tenho a sensação que chegará algum condomínio de luxo na cidade. Serraria é muito bonita.

Sem contar que, em Bananeiras, cidade vizinha, decidiram fazer um tipo de "Campos do Jordão da Paraíba".

Na parte da tarde pego um livro. Tenho o mérito de escolher livros certos, separei alguns clássicos para não me arrepender. A depender do meu humor leio um pouco de direito, filosofia, romance, assim não fica chato.

Da minha casa consigo ver, ao longe, a cidade de Areia, onde nasceu Pedro Américo, o pintor do famoso quadro "Independência ou Morte". Ele era daqui do Brejo.

Também li que ele morreu em Floreça, na Itália, e logo me veio a mente que a casa em que estou já estava construída nessa época.

Todos sabem que aqui em casa funciona uma escola de violão clássico. No entanto, tem um lado diferente que é só vivendo para entender. Às tardes os timbres dos violões colocam emoção no dia. E os alunos estão entusiasmados com as apresentações e as programações culturais do "Caminhos do Frio".

Por conta deste fato, agradeci a Deus pelo privilégio de pertencer a uma família de jornalistas, músicos e acadêmicos. E por este mesmo motivo pedi perdão por não ter me tornado um intelectual.

No meio do trabalho sempre tenho conversas no celular sobre política e negócios. Depois vou até a mercearia comprar carvão para fazer um churrasco.

Acontece que se a mercearia fecha, terei que ir até Borborema, lá fica aberto até tarde da noite. Mas também é verdade que muitas vezes perco a hora só para ir dirigindo com o vidro aberto - a brisa fria me dá essa possibilidade - ninguém consegue andar com o vidro aberto em João Pessoa.

E para finalizar, a noite, pego uma cadeira e coloco na frente de casa para ver a rua. Reparei que Serraria está cheia de trabalhadores dos hotéis e condomínios de Bananeiras. Por isso digo que logo estarão investindo aqui.

No fim de semana, volto para João Pessoa para ver Helena. Ela, tadinha, fica me pedindo para vir para Serraria. Tá aí o maior motivo de eu querer organizar o sítio do meu pai.

De fato, estou impressionado com a minha temporada no interior. 

Por Djair Alexandre 

@djairalexandre