Crônica: O veleiro do nordeste

Por Djair Alexandre

Um casal decidiu seguir um sonho antigo, ainda do tempo de quando se conheceram e o amor os mantinha vivos e apaixonados. Sonhavam em adquirir um veleiro em São Luís, no Maranhão, navegar pela costa brasileira com o vento conduzindo seus corações. Foi em São Luís onde surgiu o veleiro ‘Praia 30’, com casco de catamarã, veloz e leve. Como primeira aventura, eles desejaram um trajeto onde as velas os levassem dentro do desejo romanesco de velejar de São Luís até Angra dos Reis.

Este sonho foi exaustivamente analisado nos sofás de seus psicanalistas, e como todo bom terapeuta descobre as respostas para os sonhos e desejos de almas. Há muitas vezes razão em sonhar, por isso decidiram comprar o veleiro. Este que para tantos tratava-se de apenas um negócio jurídico, com cláusulas contratuais, para eles era diferente como diferenciamos isonomia de igualdade, revestia-os de euforia e desejo intenso. 

No dia de receber o barco, estavam à flor da pele e viraram a noite em um hotel no bairro Ponta d’Areia. Por um momento, perceberam que o sonho era realmente forte já que os risos estavam fora de controle. Na hora marcada, chegaram na marina, e o barco já estava na água. Ao partirem com o veleiro o tempo estava não só favorável, mas, também belo. Eles olhavam cada vez mais a cidade de São Luís se afastar dando-lhes a sensação de que estavam sozinhos com o oceano.

A verdade é que uma casa de praia também custaria caro e a vantagem é que agora qualquer praia pode ser deles. Águas cristalinas não faltam e a noite as estrelas dão o espetáculo ao viver do casal. Eles estão voltando ao começo do amor e ainda estão no meio.

 

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